A ligação entre acidente de trânsito e de trabalho é tema de web palestra

Os acidentes de trabalho típicos, que ocorrem no exercício da função, são os principais acidentes notificados, com 61,5%, contra 35,5% de acidentes no trajeto casa-trabalho

Em alusão ao Dia Nacional da Prevenção de Acidentes de Trabalho, celebrado no próximo dia 27 de julho, especialistas de diversas áreas participam de uma web palestra com o tema “Um acidente de trânsito pode ser um acidente de trabalho?”. O diálogo reunirá representantes das áreas técnicas do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest Estadual), de Vigilância dos Acidentes de Transportes Terrestres e do Samu Metropolitano, nesta quinta-feira (18/07), e a transmissão ao vivo será realizada no canal do youtube da Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco (ESPPE) – https://www.youtube.com/esppe, a partir das 14h.

No período de 2019 a 2023, em Pernambuco foram notificados, junto ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), um total de 20.819 acidentes de trabalho, excetuando os casos relacionados à Covid-19 (total de 27.422). Desses, 7,2% (1.153 casos) ocorreram com trabalhadores que executavam suas atividades no setor transporte. As principais categorias que sofreram acidentes foram os motociclistas no transporte de documentos e pequenos volumes com 608 (40,5%) notificações, seguidos dos motoristas de caminhão com 281 (18,7%) e táxi 152 (10,1%).

Participam do debate nesta quinta-feira (18/07) a coordenadora de Vigilância dos Acidentes e Violência, Mariana Barros, a gerente de Regulação Médica do Samu Metropolitano, Rebeca Rocha e a sanitarista do Cerest Estadual, Adriana Guerra. A mediação será do técnico de Segurança do Trabalho do Cerest Estadual, Marcelo Santos.

“Se levarmos em consideração as estatísticas mundiais, a gente tem um óbito por acidentes ou doença do trabalho a cada 15 segundos, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho. E o Sistema Único de Saúde realiza notificação desses acidentes, via Sistema de Informação de Agravos de Notificação e, por ela, conseguimos acompanhar um cenário epidemiológico que possibilita o planejamento de ações de prevenção e de intervenção em ambientes de processo de trabalho, voltado para a saúde trabalhador”, explica o gerente de Vigilância em Saúde do Trabalhador, Paulo Lira.

Os acidentes de trabalho típicos, que ocorrem no exercício da função, são os principais acidentes notificados, com 61,5%, contra 35,5% de acidentes no trajeto casa-trabalho. Quanto ao diagnóstico das lesões sofridas por estes trabalhadores, o destaque vai para o relato de traumatismos envolvendo regiões múltiplas do corpo (56 notificações – 3,7%); seguido de fratura do membro inferior (53 -3,5%); fratura do membro superior (43 – 2,9%), etc.

Quanto ao perfil dos trabalhadores acidentados nessa categoria (setor de transporte), as notificações resultaram no seguinte mapeamento: 41,9% são adultos jovens, com faixa etária de 20 a 34 anos (n=630); 80,5% eram trabalhadores pardos (n=1.210); 97,7% eram do sexo masculino (n=1.468) e 31,5% eram autônomos (n=473).

“Sabemos que é grande a ocorrência desses acidentes, sobretudo, com avanço de ocupações, como, por exemplo, a relacionada a transporte de mercadorias, a entrega de produtos ou transporte de passageiros, utilizando plataformas digitais. A gente tem que pensar em estratégias de melhorar, esse poder de identificação dos casos e ampliar a intervenção sobre essas condições de trabalho que muitas vezes são invisibilizadas pelos processos”, finaliza Paulo Lira.

ACIDENTES DE TRABALHO – Informe de acidente de trabalho, documento que aponta as notificações desta natureza em Pernambuco, destaca que no primeiro trimestre deste ano foram notificados 1.959. Quando analisada a natureza da ocupação o maior percentual ficou para os trabalhadores da agricultura (22,1%), seguidos dos que atuam na construção civil (16,9%), transporte (6,3%).

Do total de notificação, 75,6% delas ocorreram no desenvolvimento das atividades laborais no ambiente de trabalho ou a serviço deste, durante a jornada de trabalho, ou quando estiveram à disposição do trabalho. Já 19,4% foram caracterizadas como durante o trajeto para o exercício da atividade.

Ainda durante o período, 46,8% dos casos apresentaram evolução para incapacidade temporária do paciente; 35,5% resultaram em cura; 2,2 % incapacidade parcial permanente; 0,6% em óbito e 0,2% em incapacidade total permanente.

REDE DE SAÚDE – No último mês de junho, as diretorias geral da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) e de Informações Epidemiológicas divulgaram nota técnica conjunta voltada para as orientações à rede de saúde sobre a notificação de acidentes de trabalho relacionados aos trabalhadores por aplicativos.

O documento destaca que sob a ótica da saúde do trabalhador é importante padronizar as orientações quanto à notificação das doenças e agravos relacionados ao trabalho, de modo a contemplar o adoecimento dos trabalhadores desta categoria e favorecer a identificação destes trabalhadores, aproximando as informações sobre morbidade e mortalidade relacionada ao trabalho e indicando medidas para prevenção de novas ocorrências.

A nota técnica reforça junto aos serviços de saúde que a ficha de acidente de trabalho deverá ser preenchida no caso de qualquer acidente ocorrido, seja típico ou de trajeto, independente da gravidade deste.

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